sábado, 24 de abril de 2010

7 de Outubro de 1966 - 2 de Setembro de 1967

Era uma quarta-feira e eu estava pregando no culto de meio de semana. Ao terminar a pregação alguns líderes me aguardavam na sacristia, a ver se eu apoiaria a manifestação. Eis que já havia um sacerdote católico no local e queriam também um pastor protestante. Não hesitei um segundo e para lá me dirigi, sendo um dos oradores. Com muita determinação, lembrei a todos da esquecida promessa feita pelo ditador anterior, o cearense Humberto de Alencar Castello Branco, de que logo teríamos eleições, o que só ocorreu vinte anos mais tarde.

Nessa noite, do púlpito onde me encontrava, acompanhei, “pari passu”, todos os movimentos de uma moça linda, com um capuzinho vermelho, que não tirava os olhos de mim. Eu não via a hora de terminar tudo para chegar perto dela mas, que pena, desencontramos no meio da pequena multidão e o encontro só se daria 4 dias mais tarde, para não haver, mercê de Deus, mais desencontro.

Quando soube do acontecimento que levaria a Maria a romper seu noivado – fato que merece registro – o dr. Cleto se houve como um cavalheiro, respeitando a decisão dela com fineza impecável. Conheci-o seis anos depois, recém-casado, em Brasília e fomos recebidos na casa da Sílvia, minha cunhada, quando confirmei que se trata de pessoa finíssima, culta e muito agradável. Como dizia Blaise Pascal, “le coeur a ses raisons, que la raison-même ne compris pas”. (O coração tem razões que a própria razão não compreende).

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