Caro Iatã,
Tive hoje a grata surpresa, ao procurar algum material sobre o Rev.
Sátilas do Amaral Camargo na Internet, de me deparar com o seu blog em
homenagem ao seu pai. Fui criado na Primeira IPI de Curitiba e, quando o
seu pai a pastoreou, eu era criança. Mas me lembro, por exemplo, do
fusca que ele dirigia. Também do dia em que Paulo Autran esteve na
igreja.
Mas as mais belas recordações que tenho dele são já do tempo em que eu,
já pastor da mesma denominação que seu pai serviu com tanto amor, me
encontrei com ele em reuniões conciliares. Além de minhas atividades
pastorais eu também era o Secretário de Missões da IPIB. Seu pai, em um
dos encontros que tive com ele, perguntou-me muito acerca dos projetos
missionário que tínhamos e, a partir dali, ele passou a ser um dos
contribuintes mais leais que tínhamos.
Ele me disse o quanto amava
missões. Também meu revelou que, tendo que pagar contas das Escolas
Lessa quase que diariamente nos bancos, sempre levava "um dinheiro a
mais" e aproveitava para fazer um depósito na conta da então Secretária
de Missões. Quase todos os dias tínhamos uma contribuição vinda dele.
Em outra conversa, ele me contou a apreciação que ele tinha por meu pai,
Paulo Annunciacao, que ele conheceu em Curitiba. O seu pai me contou que
havia aprendido "evangelização" observando meu pai em visitas que
faziam juntos. Numa das visitas, agendadas por meu pai para uma família
não cristã, o seu pai contou que ficou só observando o meu pai
apresentar o evangelho àquela família. Ao final, "após aceitarem a
Cristo", o meu pai convidava o seu pai para orar pelos novos
convertidos.
O interessante disso para mim é que o meu pai era conservador,
principalmente comparado com o seu pai que, para a época, era chamado de
"modernista". Mas eu lembro do respeito que meu pai devotava ao Rev.
Lessa.
Também me lembro de que o seu pai serviu a uma igreja Húngara (se não me
engano) na cidade de São Paulo. Preguei naquela igreja a convite dele.
Resumindo: não há como ter conhecido o seu pai sem ter admiração por ele.
Um abraço
Rev. Gerson Annunciaçao.
Memórias do Roberto Vicente Cruz Themudo Lessa
quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017
sexta-feira, 19 de agosto de 2016
Não falava "Comunidade" porque a palavra era parecida
Havia um anticomunismo patológico. Nos tempos
em que frequentei a Associação Cristã de Moços, onde fui presidente do Corpo de
Líderes de Menores e participei num Acampamento Internacional em Piriápolis, no
Uruguai, certo dia ouvi o professor João Lotufo, secretário geral da entidade,
homem culto e íntegro, dizer que não usava a palavra “comunidade” porque era
parecida...
De Piriápolis guardo um
“Album de Recuerdos” com significativo escrito de Héctor Caselli, então
secretário geral da Federação Latinoamericana das ACMs, que, posteriormente,
exerceu igual função na Federação Mundial. Ele me convidara para ser um secretário da ACM, profissão que equivaleria a um autêntico
ministério de Igreja. Depois de sentir a firmeza com que eu me manifestara com
a opção já feita em resposta ao chamado de Deus para o ministério da palavra e
dos sacramentos, ele deixou manuscrita sua admiração pelo “camino claro y
decidido” que eu revelara.
sexta-feira, 11 de março de 2016
A igreja presbiteriana do Brasil a reboque dos novos tempos
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Ainda como
seminarista, despertado pela Conferência do Nordeste, de 1962, promovida pela
Confederação Evangélica do Brasil e outros eventos que punham em realce a
necessidade de maior engajamento da Igreja nas questões sociais, passei a ser
visto com desconfiança e acabei tendo que renunciar, juntamente com o Moysés
Campos Aguiar Netto, ex-pastor e hoje grande psicólogo, autor de livros e
mestre do psicodrama, sendo ele então o vice-presidente da Diretoria da CMPIB.
Fazíamos a revista COROA REAL, da qual saíram seis excelentes números, modéstia
à parte, graças, também, aos dotes jornalísticos excepcionais de meu amigo
Nehemias Spereta Vassão, hoje editor da Revista MACKENZIE.
A Igreja Presbiteriana
do Brasil, sempre na retaguarda, no avesso da vanguarda, já dera um “golpe de
estado” ao extinguir a sua Confederação da Mocidade e sua magnífica revista
“Mocidade”, inaugurando o longo período de obscurantismo que até hoje vive.
Percebendo que iam imitá-la na Igreja Independente, o Moysés e eu,
estrategicamente, renunciamos, sob forte pressão política, aos cargos da nossa
influente Confederação e, então, os caçadores de “comunistas” se deram por satisfeitos.
"Leve a metade da roupa e o dobro do dinheiro"
Fui presidente da UMPI
(União da Mocidade da 1ª Igreja) e redator do seu jornal
mimeografado “O UMPISTA” vários anos, em cujas páginas está o primeiro artigo
de minha lavra que vi publicado em minha vida, aos 15 anos, intitulado
“Saibamos reconhecer o que fazemos de bom”. Depois pertenci à diretoria da
Federação da Mocidade do Presbitério, eleito vice-presidente, ao lado do
presidente André Luiz Dias Giraldi, que depois se casou com a Beni Becker, irmã
da minha primeira namorada, a Anny. Fiquei como secretário executivo da
entidade nacional, após o VII Congresso Nacional do Umpismo, em Campinas
(1961), sucedendo ao rev. Xel Sant’Anna Graça. Este, amigo do coração, que
aposentou-se como capelão da aeronáutica dos Estados Unidos, ao me passar a
tarefa, deu-me ótimo conselho : quando for viajar, leve sempre a metade da
roupa e o dobro do dinheiro.
Entrou na forma e saiu bolo
Essa compreensão
ecumênica somava-se a um amadurecimento em relação ao próprio significado do
ministério e fiz uma grande descoberta: enquanto, ainda jovem, eu, por assim
dizer, entrara na forma e saíra bolo. Quando passei a enxergar tudo com meus
próprios olhos, já não era mais pessoa de confiança de quem estava no poder.
Lembro, então,
novamente, o grande matemático e filósofo francês cujo nome latino era Renatus
Cartesius (daí as coordenadas cartesianas), que ensinava: na vida, recebemos
um cesto cheio de maçãs, que são os valores a nós passados. Ao chegarmos à
idade da razão, devemos tirar todas essas maçãs do cesto e analisá-las. As de
que gostarmos, pomos de volta no cesto, as que não quisermos, deixamo-las fora.
E assim aconteceu.
Antes havia exercido importante liderança, ao lado do meu grande amigo
presbítero Josué Pacheco de Lima, presidente da Confederação da Mocidade
Presbiteriana Independente do Brasil. Este homem de Deus com um carisma de
líder invejável, viajou comigo a muitos lugares e sempre revelou um entusiasmo
contagiante. A nossa afinidade e o imenso amor que temos pela Igreja
Independente nos mantém com fortíssimos laços de amizade até hoje. Estive em
sua casa quando ele completou 83 anos, a 6 de maio último. Infelizmente já não
está lúcido nem podendo participar das atividades da Igreja.
Um toró fez mudar os planos
Voltando ao romance na
capital paranaense, Cleto, sendo moço e conhecedor da situação, convidou,
então, a Mariazinha para irem ao culto da Igreja Independente a fim de
conhecerem aquele pastor com 25 anos de quem se falava ser ecumênico e pregar
contra o latifúndio, fazendo estudos bíblicos sobre Amós, o profeta da justiça
social. Até padres pregavam na sua igreja, coisa que jamais tinha acontecido
antes! Um temporal, porém, inundou a
cidade nesse domingo e não puderam ir. Coisas da Providência Divina.
Vivia eu, então, esse
novo enfoque da minha fé. Em reunião constante com padres, freiras e outros
pastores de diferentes denominações, adquiri o hábito de ouvir a outra parte
antes de julgar. Na infância e adolescência sempre ouvira dizer que os
católicos romanos adoravam as imagens de escultura, contrariando um dos dez
mandamentos. Nunca me esqueço de que o padre Ozir Tésser me disse que isso não
era verdade e me perguntou: Você tem aí com você uma foto da Maria? É claro
que eu tinha. Mais de uma. “E você não beija essas fotos?”, ele quis saber.
“Toda hora”, respondi. “E você acha que, por isso, está adorando a sua namorada? Está colocando ela (sic) no lugar de Deus? Pois, do mesmo modo, quando um
católico beija a imagem da virgem Maria, está mostrando sua admiração por uma
camponesa que deu à luz sozinha numa estrebaria numa noite de inverno e que
teve o privilégio inaudito de ser a mãe do nosso Salvador, nada mais do que
isso”.
sexta-feira, 15 de janeiro de 2016
Até os Confins da Terra
O querido Rev. Roberto Vicente Cruz Themudo Lessa publicou, em junho de 1976, um livro chamado "...Até os Confins da Terra". Era uma coletânea de estudos bíblicos baseados nos três primeiros capítulos e nos cinco primeiros versículos do quarto capítulo do livro de Atos dos Apóstolos.
O texto foi originalmente elaborado para atender à classe São João, adolescentes da Escola Dominical da 1.ª IPI de São Paulo em aulas ministradas entre 1963 e 1964. Neste ano de 64 o Rev. Lessa cursava o último ano do Seminário.
Em 1987, quando trabalhávamos juntos na escola Lessa Inglês para Brasileiros, ganhei de presente um dos últimos exemplares do livro. Passo a transcrevê-lo aqui em etapas, obedecendo rigorosamente a redação proposta no texto, a fim de que possamos alimentar nossas saudades e, ao mesmo tempo, saborear um ensinamento valioso, tão atemporal quanto edificante. Boa leitura a todos!
Introdução ao Livro de Atos dos Apóstolos
1. Autoria
O livro foi escrito pelo evangelista Lucas, o mesmo do 3.º Evangelho. Isto se prova porque:
1) A dedicatória tanto do Evangelho como dos Atos é feita a Teófilo;
2) Há semelhança de estilo, linguagem médica e linguagem geral dos 2 livros, usando Lucas mais de 40 palavras que nenhum outro autor do Novo Testamento usa;
3) O autor se inclui na narrativa dos Atos, usando a linguagem "nós" e "nos"; isso dá a entender que ele era, nessa ocasião, companheiro de Paulo, o que se harmoniza com as referências do próprio Paulo em algumas epístolas;
4) Renomados escritores dos primeiros tempos do Cristianismo dão testemunho da autoria de Lucas, como Irineu, bispo em Lyon, na Gália (A.D. 178); o fragmento do cânon descoberto por Muratori em Milão, na Itália (A.D. 170); Clemente de Alexandria (A.D. 190); Tertuliano, de Cartago (A.D. 200); Orígenes (A.D. 230) etc.
Para os textos desses autores, vide Schaff - "The International Commentary: Introduction to the Acts of the Apostles" - págs. 249, 250.
* "...Até os Confins da Terra." - pág. 3
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