O golpe de estado militar, que derrubou o governo constitucional de Jango Goulart em 31 de março de 1964 e instalou a ditadura que iria durar 21 longos anos, estava há pouco tempo em vigor. A censura medrava de forma crescente e os radicalismos eram muito reais. Sermões sobre temas que hoje um seminarista prega com a maior naturalidade eram tidos como perigosos e marxistas. Fiz, a propósito, num domingo, um sermão intitulado “Verdades e erros do marxismo”.
Um dia, no Conselho, o vice-presidente, presbítero Dr. Fernandino Caldeira de Andrada, cujo neto, (filho de sua filha Mânia com o rev. Wesley Werner) batizei, propôs uma lista de assuntos que não deveriam ser abordados nas homilias! Ele, advogado, rasgava a constituição da Igreja, eis que o púlpito presbiteriano é de responsabilidade exclusiva do pastor, o único presbítero docente. Aos presbíteros regentes é vedado opinar ou imiscuir-se em assunto reservado aos ministros da palavra, devidamente preparados por seu bacharelado em teologia, entre tantas outras exigências. Era como se o pedreiro dissesse ao engenheiro o que fazer na obra. Isso para dar uma idéia do clima que se vivia.
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